"Ele havia percorrido tantos caminhos, seus olhos emanavam uma luz estranha, como se estes anos tivessem enrijecido sua alma. Ele estava sozinho, sentado no canto mais escuro do bar, relembrando todos aqueles que haviam partido, aqueles que, em algum momento fizeram a diferença. Era o último da sua espécie, espécie que a muito tempo havia desaparecido. Isso o deixava triste, e a lembrança dos velhos tempos deixava seu coração acelerado. Ele era o último, o último sonhador."
Cada um de nós possui dentro de si um sonhador, alguns vibrantes e vivos, outros sentados sozinhos no fundo escuro do bar. O que nos torna tão diferentes uns dos outros, é a importancia que damos a ele, e eu escolhi deixar meu sonhador livre. Posso não ter idade para saber se fiz o certo, mas eu tenho uma certeza, a certeza de ter o privilégio de conviver com pessoas que também deixaram seus sonhadores livres, pessoas felizes em sua simplicidade, capazes de transformar qualquer momento em um momento especial.
A partir de amanhã, vou começar uma nova vida, em um novo lugar, mas nunca, nunca mesmo, deixarei pra trás aqueles que um dia se reuniram aqui!
E o sonhador da história ali em cima? Ele fundou a colônia de nudismo Curaçal, que fica entre Curumim e Arroio do Sal. Vive feliz entre os pelados e com muitos sonhadores que encontrou quando saiu do bar!